Dados e Dinheiro: o que você precisa saber para proteger o seu patrimônio em 2025
- Maria Godoy
- 14 de jul.
- 6 min de leitura
O que um desvio de R$ 107 milhões revela sobre patrimônio, dados e segurança pessoal
Julho de 2025 começou com mais um episódio surreal, mas bem real, da série “como perder tudo sem ninguém invadir a sua casa”.

Um gerente do Banco da Amazônia, em uma cidade do Maranhão, foi preso após instalar dispositivos físicos nos caixas eletrônicos da própria agência para capturar senhas de clientes - e com isso facilitar o desvio de mais de R$ 100 milhões, segundo a Polícia Civil.
O dinheiro foi enviado para contas de “laranjas” em dez estados diferentes, e parte dele tentava ser sacado em Belo Horizonte por dois homens com contratos imobiliários falsificados quando o esquema foi descoberto.

Depois do nosso recente episódio de “La Casa de Papel Tupiniquim", essa história também daria um bom roteiro de série. Mas, novamente, é só mais uma notícia desse Brasil real.
E, pra mim, mais uma vez isso deixa uma coisa muito clara: proteção digital já foi sinônimo de evitar spam, hoje é sobre garantir que o resultado do seu trabalho de uma vida não desapareça com um clique de alguém que você nunca viu, lá do outro lado do país.
O que esse caso ensina a quem tem muito a proteger?
Se você tem uma vida financeira sólida - investimentos diversificados, participações societárias, imóveis, previdência ou talvez até uma estrutura patrimonial mais robusta - é hora de aceitar uma verdade: os seus dados pessoais fazem parte do seu patrimônio. E eles, muito provavelmente, estão mais vulneráveis do que você imagina. Todos os dias. 24 horas por dia.
E uma lição que é preciso entender desde logo: a maior vulnerabilidade não está nos hackers mal intencionados, mas nas relações em que você deposita a sua confiança. Um gerente que sabe tudo sobre suas contas e investimentos. Um funcionário desmotivado que pode vender seu acesso por menos do que você pagou nos seus últimos dois jantares. Um prestador que você contratou de boa-fé e que esqueceu o seu contrato recém-escaneado aberto na tela enquanto saiu para o cafezinho.
Com isso, surge outro ponto importante: o risco não está só no digital. Está nos papéis, nos sistemas, nos intermediários. Está em como você autoriza transações. Em como seus dados pessoais circulam. Está, inclusive, em quem tem acesso físico ao seu dinheiro, e pode tirar muito de você mesmo sem uma arma na mão. Hoje, conhecimento, informação, dados também podem se tornar armas com um grande poder ofensivo.
“Ah, mas aquele caso foi com gente simples, em cidades pequenas…” — será?
Em muitos dos casos de fraude de alto valor que acompanho de perto, o padrão é quase o mesmo: acesso legítimo, mas mal monitorado; dados sensíveis em mãos erradas; confiança demais nos humanos que operam os sistemas.

Sabe o que raramente existe nesses casos de proteção patrimonial? (aqui vem algumas partes técnicas, mas que são importantes para o assunto):
Políticas de segregação de funções em nível digital e operacional
Monitoramento ativo de comportamento anômalo (com alertas funcionais)
Dupla verificação para transações acima de determinado valor
Plano de resposta a incidentes com fluxo de decisão e contingência
Educação mínima em proteção de dados e privacidade para quem tem acesso diariamente às suas informações
Vou te contar, é assustador como muitas estruturas patrimoniais no Brasil, mesmo as de alta renda, ainda operam com práticas de segurança da era do fax!
Conheço executivos que ainda imprimem extratos, assinam com a caneta de estimação e mandam via motoboy para liberar grandes transferências - como se papel, só por ser tradicional, fosse mais seguro do que um bom token criptográfico (que é uma espécie de “chave digital” que prova que algo é verdadeiro, seguro e foi feito por quem diz que fez).
Onde seus dados dormem (e quem mais acorda com eles)
Se ninguém ainda te alertou sobre essa perspectiva de blindagem patrimonial, serei eu a porta voz da não-tão boa nova: seus dados já estão por aí, nas escolas dos filhos, no consultório, no hotel que você foi no último feriado, na plataforma de delivery do restaurante onde você pede "só no azeite".
Cada preenchimento de CPF, cada download de aplicativo, cada nova conta criada sem pensar muito. Tudo isso é um convite aberto à exposição e aos riscos que vem com ela. E quanto mais valioso o seu patrimônio, mais valioso VOCÊ se torna.

Mas, como disse, às vezes, a brecha não está em você, mas em quem você contrata. Um assistente com acesso facilitado demais. Um gerente que usa a mesma senha para tudo. Um prestador que deixou o seu CPF vazar numa foto enviada pelo WhatsApp (uma lágrima escorre enquanto escrevo isso).
Blindagem patrimonial começa em outro lugar
Quando falo de blindagem, muita gente pensa em holding, testamento, offshores. Tudo isso é importante, claro. Mas nada disso se sustenta se o acesso à sua conta puder ser feito com uma senha óbvia usada em cinco contas diferentes, ou se os documentos da sua empresa estiverem circulando por um e-mail sem criptografia.
Hoje, o que protege seu patrimônio é uma boa arquitetura de dados pessoais e digitais (inclusive, se você ainda não tem alguém especializado cuidando disso para você, a MG Privacy Solutions está aqui para isso).

Os erros mais comuns
Usar o mesmo e-mail para todas as contas, desde o Instagram até a corretora, do grupo da escola ao private banking ou àquele site de vinhos.
Confiar demais em assistentes, secretárias, funcionários, que têm senhas, acessos completos e documentos de alto valor.
Ignorar a gestão de herança digital, deixando senhas e acessos essenciais trancados em dispositivos ou, ainda pior, só na sua memória.
Confiar que "meu gerente resolve". Até ele não resolver - ou pior, até ele se tornar o problema.
Ter tudo num único número de telefone e um único e-mail. Uma troca de chip e... adeus.
Então pare de pensar em segurança digital como um antivírus e comece a tratá-la como um pilar da sua estratégia patrimonial.
Aqui vão algumas perguntas que você pode se fazer agora mesmo para dar o primeiro passo:
Hoje os seus e-mails estão separados por finalidade?
Alguém fora da sua casa consegue acessar as suas contas sem precisar passar diretamente por você antes?
Os seus dados bancários estão em quantas e, principalmente, quais mãos?
Você sabe quais prestadores terceirizados têm alguma cópia dos seus documentos? Como eles armazenam, com quem compartilham, quando deletam?
Existe um plano claro caso você precise deixar alguém da família assumir suas finanças por um tempo?
Se você hesitou em responder qualquer uma dessas perguntas, sua estrutura ainda está muito exposta. De verdade, tudo o que eu recomendo é o que busco fazer com a minha própria estrutura financeira e com a da minha família.
Por isso trago esses questionamentos reais. Nem só de leis vive uma advogada. Aliás, impossível viver só de leis na realidade de hoje. A compreensão prática e o skin in the game são as portas para quem quer segurança de verdade.
Na MG Privacy, é com isso que a gente trabalha: estruturas de proteção sob medida para quem tem mais a perder do que tem tempo pra estudar cibersegurança em detalhes. Você não precisa virar expert no assunto. Só precisa de um plano com quem já sabe onde moram as falhas mais caras e mais comuns.
Proteção sob medida é a única que funciona
Assim como você tem um advogado para questões cíveis, um gestor para investimentos ou um arquiteto para a reforma da casa, você também precisa de alguém especializado para olhar para os seus riscos digitais e ajudar a proteger o que não pode ser reposto com dinheiro.
A sua estrutura de proteção digital precisa de uma estratégia própria que converse com todas as áreas da sua vida, com as necessidades e particularidades da sua realidade, profissionalmente pensada para você. Não adianta copiar o modelo do vizinho.
Portanto, chegando aqui, quero que você entenda que blindagem patrimonial, em 2025, é sobre três coisas:
Quem tem acesso a quê;
Como você organiza seu fluxo de informações pessoais e financeiras;
E o que acontece se esse fluxo for interceptado.
No fim das contas, a boa notícia é que com estrutura, clareza e ajuda certa é possível se proteger. A tecnologia e inteligência que permite um golpe de R$ 100 milhões hoje é a mesma que pode ajudar a proteger tudo o que você levou décadas para construir. É hora de parar de achar que esse tipo de ameaça só atinge os outros.
Hoje, todo mundo com algo de valor está no radar de alguém. E, mais do que nunca, o que vai fazer a diferença entre ser um alvo fácil ou um patrimônio preservado é o quanto você está disposto a tratar segurança como parte essencial da sua rotina.
Hoje a proteção dos próprios dados não é opção. Sem ela, nada está realmente seguro.
E você, está seguro?
Abraços, com a calma de quem desliga notificações e moe o próprio café,
Maria Godoy
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